Quais as vantagens dos recuperadores de calor a lenha e a pellets em relação às lareiras abertas tradicionais?

As lareiras tradicionais são claramente uma má opção sob o ponto de vista energético. Podemos gostar da ambiente da lenha a arder quando lá fora está frio. Isso pode criar uma atmosfera romântica ou rústica, mas a verdade é que as lareiras aquecem muito pouco, esbanjam a lenha que nelas colocamos e quando usadas por períodos longos são nocivas à nossa saúde.
Lareira abertas: uma má escolha, pouco saudável

Apenas cerca de 10% do calor gerado pela combustão da lenha nas lareiras aquece de facto as nossas casas. Os restantes 90% são literalmente 'perdidos' pela chaminé. E para agravar este panorama, emitem poluentes perigosos em larga escala: CO2, CO, dioxinas, arsénico, formaldeído.

Muitas pessoas argumentam que os nossos antepassados conviveram abundantemente com o fumo das fogueiras, e que elas não são nada de novo na nossa vida como espécie, o que é verdade. Mas há também que não esquecer que os nossos antepassados não viviam tanto tempo como nós vivemos, ou em ambientes fechados como o são as casas modernas, onde os efeitos dos fumos da combustão da lenha são muito mais perigosos. O fumo da madeira contém complexas partículas microscópicas que entram no nosso sistema respiratório e agravam ou criam problemas cardíacos e pulmonares, nomeadamente a asma.

Minimizar os efeitos nocivos do uso da madeira

Lareiras abertas são pois uma má escolha. Para minimizar o seu impacto negativo deve usar lenha bem seca, que liberta mais calor e menos fumo. Certifique-se de que a lenha não esteve exposta à chuva e que está cortada e armazenada há vários meses.

A técnica de criação do fogo também é importante. O fogo deve ser mantido vivo, ou seja, como chamas altas durante um período de, digamos, 15 ou 20 minutos, para permitir o aquecimento dos materiais ligados à lareira e à chaminé e para limitar a quantidade de fumo que potencialmente se pode espalhar pela casa. Não se esqueça também de manter o tampão da lareira fechada nos períodos em que a mesma não está a ser usada, para minimizar perdas de calor.

Seja como for, estes procedimentos são apenas paliativos. Eles podem minimizar alguns efeitos negativos associados às lareiras abertas, mas se está realmente interessado em usar com regularidade uma lareira, considere transformá-la num recuperador de calor.

Recuperadores de calor

Os recuperadores de calor são basicamente fogões de aquecimento (salamandras), desenhados para se encaixarem nas aberturas das lareiras. Mas as suas vantagens são significativas: os níveis de emissões associados a recuperadores de calor é bem menor do que os das lareiras abertas (qualquer coisa como 4 gramas por hora, em bons recuperadores de calor, versus 30 gramas). E eles podem assegurar muito baixas fugas de fumos para as divisões da casa e um razoável output em termos de calor gerado.
Eficiência dos recuperadores de calor

Mas preste atenção: os recuperadores de calor não são todos iguais. Neste momento, no caso português e europeu, todos eles têm que ser certificados (norma DIN EN13229) e classificados segundo o seu rendimento e emissões de gases para o ambiente.

Nesse âmbito escolha um recuperador  capaz de converter em calor cerca de 70% ou ligeiramente mais do produto da combustão da madeira. Não transija neste particular. Eles são mais caros mas merecem a diferença de preço. Não se deixe iludir por argumentos contrários de que não há diferenças em relação à classe II ou a outras classes.

Não se esqueça de que os pormenores de fabrico são muito importantes, e que os recuperadores podem perder qualidade com os anos de uso, e que muitas vezes há alguma sobre-avalição da eficiência do recuperador, e que eles não são tão “limpos” ou eficientes quanto se quer crer. Outras facetas a ter em conta: prefira recuperadores com combustão selada, não os sobredimensione, use madeira bem seca e assegure-se de que a instalação está bem concebida.

Recuperadores de calor a pellets

Os recuperadores de calor a pellets, desde que bem construídos e instalados, eliminam parte significativa dos problemas referidos acima. A questão da eficiência em função do grau de humidade da madeira, que tanto afeta a eficiência dos recuperadores de calor, fica resolvida. Os recuperadores a pellets são de facto bastante eficientes e podem ter controlos que permitem automatizar e programar os períodos de funcionamento.

São equipamento de topo, e não admira que sejam bem mais caros do que os recuperadores de calor a lenha.